sábado, 5 de abril de 2008

Segmento de Saúde e Mercado de Ações

A Saúde em céu de brigadeiro?


Até meados de fevereiro, o índice Dow Jones acumulou perdas de até 10% frente à crise dos créditos subprimes, índice esse capaz de dar azia a qualquer investidor americano, mas em momentos de crise como esse, podemos ter uma prova de fogo de como o mercado percebe o que há de real riqueza ou apenas expectativas dentro das projeções de cada empresa.

Em meio ao furacão, aconteceu uma substancial procura por papéis de empresas do setor de saúde. O setor foi percebido pelo mercado como uma baía de segurança em momentos de mares revoltos. O mercado teve razão: desde o final de outubro, o setor de saúde foi o setor de melhor desempenho do mercado americano.

Apesar do grande número de IPOs e da participação das novas empresas brasileiras de saúde no mercado aberto de bolsa de valores, ainda temos pouco histórico aqui no Brasil para fazer análises parecidas, mas vamos dar uma olhadinha em como as vedetes de nosso setor lá fora se comportaram no meio do furacão.

Antes, faço aqui um aparte para celebrar o encontro promovido pelo banco de investimento UBS em Nova Iorque, onde dezenas de empresas de saúde de todo o mundo estiveram reunidas para apresentar seus planos. Na mesma ocasião, tivemos a participação “brazooca” de Amil, Delboni, Medial Saúde, SulAmerica e Tempo Participações (Gama), o que nos deixa muito orgulhosos. Sobre esse encontro, eu falo na próxima edição.

Voltando ao nosso tema, para justificar essa “saúde” do setor de saúde, a lógica dos investidores é de que, em momentos de crise, consumidores cortam o orçamento doméstico em itens ditos não essenciais, como veículos, viagens, eletrônicos, entretenimento e até roupas, mas não deixam de gastar em remédios, plano de saúde e consultas médicas. Faz sentido. (Aqui no Brasil, umas das menores quedas nesse período foi da AmBev. Será que cerveja também é item essencial em momento de crise?).

Aos mais aficionados, indico pesquisar o desempenho de empresas como Medtronic, Coventry e Humana como exemplos de crescimento sólido e rentabilidade consistente. Aproveitem o embalo para olhar os laboratórios que, frente aos problemas com recall de medicamentos, ficaram baratos e se tornaram um convite à compra pelo fato de pagarem dividendos por ação nunca antes vistos, como os casos da Pfizer e GSK (Glaxo) cujos dividend yelds superam a taxa de juros americanos.

Sendo assim, com o crescimento de nossa bolsa de valores local e a tão propalada possibilidade de o Brasil receber grau de investimento nos próximos meses, podemos esperar o mesmo tipo de comportamento dos investidores em relação às empresas de saúde listadas na Bovespa no futuro: um mar de tranqüilidade para momentos de pânico.

Bom para nós, pois o setor de saúde - considerado como um nó cego até pouquíssimo tempo – já reverteu essa percepção lá fora. Esperamos que o mesmo não tarde a acontecer aqui nos trópicos.

Para isso, temos de continuar trabalhando no sentido de desatar esse nó que é a saúde nacional. Com o acesso das empresas a capital, em seus IPOs e finaciamentos, o nó apenas deixou de ser cego, mas ele ainda está lá atado, firme e forte.

Abraços e até a próxima.

Glauco Michelotti




postado por Glauco Michelotti