quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

OPINIÃO: Relação OPME, operadoras de saúde, você e o doutor.

Revista Saúde Business Web - 02/09/2008
Para o diretor comercial do Hospital Santa Paula, o hospital e o médico devem escolher conjuntamente os fornecedores de materiais especiais

A relação com as operadoras de saúde está ficando cada vez mais difícil quando se trata da utilização de materiais especiais em procedimentos cirúrgicos, os famosos OPME.

As grandes seguradoras estão fechando o cerco a esta prática, com a adoção de tabelas próprias, ou seja, um acordo com cada prestador (hospital), com especificação de valores, fornecedores e descrições de próteses, com o intuito de "padronizar" a utilização destes materiais pelos profissionais que ali operam.

As medicinas de grupos também começam a seguir a mesma linha. Seja através de acordos com prestadores (hospitais) específicos, por grupos de especialidade por meio da contratação de procedimentos gerenciados, ou pacotes e, em última análise, da verticalização (quando elas assumem o serviço por meio de aquisição).

Por isso, em nossas inúmeras visitas comerciais às fontes pagadoras, vemos que existe uma tendência muito bem desenhada em nosso setor, onde cada vez mais o hospital e seu corpo clínico ficam restritos a uma linha operacional limitada pela operadora. Este fenômeno, certamente, tem contribuído para um melhor desempenho das fontes pagadoras, visto os últimos balanços financeiros apresentados por elas.

Contudo, devemos considerar que tal conduta só tem contribuído para o aquecimento do desgaste na relação entre operadoras, consumidores, hospitais e médicos. Hoje, é virtualmente impossível a realização de um procedimento com a utilização de materiais especiais em um prazo menor do que 72 horas, contando com que todas as exigências das operadoras tenham sido atendidas e, mesmo assim, sabemos que haverá algum desgaste no processo de tramitação das autorizações.

Seja pela falta da padronização exigida pela operadora ou pela preferência dos profissionais médicos por um ou outro fornecedor, no final da conta, quem, de fato, provê todo este recurso (consumidores/pacientes) está aguardando nas filas de internação dos hospitais, sem a garantia de que terá seu procedimento liberado na data e hora programada.

Entendemos que o futuro da medicina está nas mãos dos prestadores com capacidade de oferecer ao mercado de saúde o melhor atendimento pelo menor custo. Tal relação é viável e possível quando consideradas todas as vertentes de forma transparente e objetiva, participando, de forma conjunta, médico e hospital na escolha de fornecedores com alto padrão de qualidade e capacidade de oferecer ao mercado uma boa relação entre o custo e o beneficio.

Somente assim diminuiremos a grande quantidade de procedimentos rejeitados pelas fontes pagadores e passaremos a ser vistos como prestadores merecedores de "volume" cirúrgico, por registrarmos uma performance acima da média do mercado. Neste caso, ganha o hospital, ganham os médicos e, principalmente, ganham os pacientes, a razão principal por estarmos aqui.

* Roberto Schahin é diretor comercial do Hospital Santa Paula
REVISTA SAUDEBUSINESS WEB