quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

NAPOLEÃO BONAPARTE E OS RECURSOS HUMANOS

Segundo o historiador Paul Johnson, com exceção de Jesus Cristo, Napoleão Bonaparte é o indivíduo sobre quem existe o maior número de livros publicados. Com nove anos de idade foi enviado a um colégio militar e antes do vinte anos tornara-se um soldado profissional francês. Sua estatura era de apenas 1,65 m, pálido, magro e sombrio com cabelos negros cobrindo-lhe a fronte. Tinha grande habilidade para analisar mapas e excelente memória sobre distâncias. Desenvolveu capacidades estratégicas que lhe trouxeram inúmeras vitórias como comandante de exércitos. Há uma lenda sobre como Napoleão Bonaparte classificava seus recursos humanos. Dividia-os em quatro tipos:

1. Os inteligentes com iniciativa
2. Os inteligentes sem iniciativa
3. Os ignorantes sem iniciativa
4. Os ignorantes com iniciativa

Aos inteligentes com iniciativa, Napoleão atribuía funções de comandantes gerais e estrategistas. Os inteligentes sem iniciativa ficavam como oficiais que recebiam ordens superiores e as cumpriam com diligência. Os ignorantes sem iniciativa eram colocados nas frentes de batalha. Os ignorantes com iniciativa eram recusados em suas tropas.

Proponho aos empreendedores e executivos leitores desse artigo, um exercício a ser aplicado em suas empresas, classificando seus subordinados segundo os quatro tipos supostamente propostos pelo grande general. Essa classificação, naturalmente, irá gerar uma pirâmide na qual a diretoria e a alta gerência devem compor o ápice, seguindo-se os gerentes, responsáveis por departamentos, encarregados, assistentes e, na base estariam os operários e auxiliares de menor nível.

Parece-me que a pirâmide imaginada representaria a maioria de nosso universo empresarial e, feitos os necessários ajustes conforme as especificidades de cada negócio abrangeria pequenas, médias e grandes empresas. Assumindo essa classificação, poderemos concluir que um exército só de generais estrategistas por certo não vencerá batalha alguma. Alguém tem que estar no front. Obedientes oficiais (diretores, gerentes) sem estratégias definidas, também não vencem uma guerra, por lhes faltar objetivos assumidos participativamente. Soldados (funcionários) dedicados sem comando, sem chefia, sem direcionamento, também não podem ter sucesso em seu trabalho. A conclusão que se nos apresenta como correta é que precisamos dos três primeiros tipos de colaboradores, para que possamos vencer os desafios do mercado competitivo em que vivemos.

Assim como fazia Napoleão, devemos nos livrar, o mais rapidamente possível, dos ignorantes com iniciativa, por que são capazes de trazer grandes prejuízos, fazendo a empresa perder bons clientes, bons fornecedores e bons funcionários. São os ignorantes com iniciativa que fazem produtos sem qualidade, porque resolvem alterar processos definidos. Também podem negociar um contrato de compra ou venda, assumindo produtos, preços e prazos prejudiciais à empresa. Um ignorante com iniciativa é, portanto, um grande risco.

Este exercício termina com uma pergunta. E sua empresa, como está? Você consegue identificar nela os quatro tipos do exército de Napoleão? E o que faz com cada um deles? Será que sua empresa ainda mantém ignorantes com iniciativa?

(*) João B. Sundfeld, economista e sócio-consultor da Sundfeld & Associados